Motorola Edge 30 Ultra Review

A linha Edge da Motorola sem dúvida levou a marca de volta ao segmento de topo de linha, embora tenhamos um smartphone em específico que não deveria estar nela, mas isso é papo para um outro momento. Oferecendo dispositivos com design premium, com excelentes telas, muito desempenho e uma das interfaces mais limpas e fluidas disponíveis no mercado, o edge 30 Ultra chega prometendo entregar a melhor experiência.

Apesar da Motorola seguir dando muita atenção a sua linha de smartphones intermediários, os famosos Moto G. Tenho visto nos últimos 2 anos a empresa voltar seus olhos para um segmento que ela demorou para retornar, o de topos de linha. 

A empresa trouxe especificamente para o Brasil, em 2020, de volta a linha edge, com o edge e edge plus, com design lindo, tela curva, denominada waterfall e hardware para aquela ocasião que colocava ambos os smartphones no segmento de topos de linha. 

Agora, tive a oportunidade de testar o Edge 30 Ultra, que em 2022 chegou com Snapdragon 8+ Gen 1, 12GB de RAM e 256GB de armazenamento, tela poled de 6,67” com resolução FullHD+ e taxa de atualização de 144Hz, entregando uma das melhores experiência de uso diário. 

Construção e tela

Falando em tela, suas laterais arredondadas, dessa vez sem exageros, garante uma pegada muito consistente e a traseira fosca além de favorecer o aspecto premium, fazem com que o smartphone não seja escorregadio e também seja praticamente imune a marcas de dedos. 

Infelizmente ao posicionar o smartphone no segmento dos topos de linha, a Motorola ainda não trouxe certificação IP. Temos o Edge 40 Pro, que recebeu tal certificação, porém o Edge 30 ultra, carrega consigo certificação IP52, deixando ele nesse quesito, abaixo dos concorrentes diretos.

Uma observação a respeito da tela de curva, esse tipo de tela tende a não agradar todo mundo, eu por exemplo prefiro telas flat, as retas, mesmo que hajam bordas, dou preferência para as telas flat, são mais resistentes e em caso de problemas, sua substituição não custa tanto quando comparado a uma tela com laterais curvadas.

Por outro lado, as imagens exibidas na tela P-OLED de 6,67” são vibrantes, há quem reclame que o Edge 30 Ultra chegou com resolução Full HD, poderia ser 2K, ou até 4K, eu por outro lado, agradeço e indico muito que você ou qualquer outra pessoa, não se prenda muito a esse detalhe específico, você vai me agradecer e a bateria do smartphone também!

Melhor focar na experiência de uso fluida que a taxa de atualização da tela entrega, são 144Hz, tal taxa geralmente é encontrada somente em smartphones do segmento gamer. Você ainda conta com uma fidelidade de cores muito precisa, principalmente ao usar o modo de cor “Natural”. Há também suporta saída HDR10+.

Em dias ensolarados, ao usar o Motorola edge 30 Ultra sob o sol, o pico de brilho de 1250 nits que a empresa indica, entrega cores nítidas e visualização muito boa, quando colocado ao lado de um dispositivo do concorrente, atualmente estou testando o Galaxy Z Flip 4, a leitura de itens na tela é muito boa, isso com o brilho no automático, para que o smartphone identifique a demanda de brilho para entregar a melhor imagem para o usuário. 

Em condições de baixa luz, eu sempre tenho que aumentar um pouco o brilho, o modo automático as vezes reduz muito o brilho da tela.

Câmeras

O conjunto de câmeras do edge 30 Ultra é competente para fotos e, infelizmente, segue entregando menos que seus concorrentes quando o quesito é vídeo. É inevitável trazer essa informação, eu adoraria dizer que o conjunto de câmeras e o pós processamento que a Motorola entrega para vídeo está atualmente parelho com os dispositivos da Samsung, mas não está, pelo menos não para vídeos.

Para fotografia isso muda, geralmente faço o teste comparativo de câmeras com todas as opções no automático e,  dessa maneira (que julgo ser a pior possível), pois deixo o software determinar onde focar, que balanço de branco usar, se ativa ou não o HDR, etc, o edge 30 ultra não faz feito e entrega fotos até melhores que o concorrente. 

E não, não devemos comparar o edge 30 ultra com o S23 Ultra, nem com o S23, mas com a geração anterior, os S22 e S22 plus, visto que a linha ultra da Samsung traz um sensor adicional. 

A câmera principal de 200 MP é boa, mas não ótima, lembre-se que ao ativar esse modo de captura, você perderá tudo, estabilização aprimorada, HDR, entre outras coisas, então fotos nesse modo, eu indico fortemente o uso de um tripé, se houverem pessoas na cena, qualquer movimento irá causar um efeito de desfoque, queremos nitidez não objetos ou pessoas fora de foco.

A ultra grande angular de 50 MP segue sendo um coringa nos conjuntos de câmera da Motorola, desde que usei pela primeira vez, curti muito, o sensor possui também foco automático, ou seja, você consegue determinar o foco mesmo na ultra grande angular, isso ajuda muito na gravação de vídeo. Muitos chamam o sensor de sensor híbrido pois a presença de foco automático permite capturas em macro e isso você não consegue em nenhum Galaxy S, somente os “ultra”. 

Fechando o conjunto traseiro temos uma câmera telefoto de 12MP. Mas há um porém aqui, para gravar vídeos utilizando a flexibilidade de sair da captura macro e ir até o 2x de zoom ótico, ou seja, passar pelos 3 sensores sem a necessidade de parar a gravação, só é permitido com a resolução de vídeo em FullHD com 30 quadros.  

A câmera frontal possui 60MP! Eu me pergunto porque. Mas erroneamente muitos ainda pensam que “quanto maior melhor”, enfim, isso não funciona desse jeito. Com boas condições de luz o edge 30 Ultra captura selfies com um nível de detalhes muito bom, mas se as condições forem desfavoráveis, talvez você tenha que procurar um local mais bem iluminado para registrar sua foto. O modo noturno é por padrão definido como automático, com ele a captura fica com uma nitidez artificial de mais e certamente você irá querer editar e tentar remover um pouco do efeito. 

A grande questão aqui quando comparado ao concorrente, é a falta do foco automático na câmera frontal – porque Motorola, porque!?! – Não temos foco automático na câmera frontal do Edge 30 Ultra, mas ele está lá na câmera frontal do Edge 30 Fusion. 

As fotos noturnas com os sensores traseiros são boas, a estabilização faz bem o papel de manter o sensor estável durante o maior tempo em que o obturador fica aberto, mas o ruído segue presente em áreas mais escuras. 

Uma outra questão é a dificuldade em travar o foco quando o ambiente é menos iluminado, me refiro a fotos em lugares fechados com iluminação artificial, você precisará insistir um pouco até conseguir a captura correta.

A câmera ultra grande angular é boa, eu curto quando a diferença de captação entre os sensores são quase imperceptíveis, isso ocorre aqui entre o sensor principal e a ultra grande angular, posso inclusive dizer o mesmo a respeito da câmera de zoom. Isso é um ponto super positivo, mas o sensor acaba tendo o mesmo problema para fotos com baixa luminosidade.

Desempenho

Não há novidade aqui, o Motorola Edge 30 Ultra traz processador Snapdragon 8 Plus Gen 1 da Qualcomm, que no lançamento era o processador mais atual. Já temos atualmente no mercado dispositivos com Snapdragon 8 Gen 2 que deverá chegar em breve no próximo topo de linha da Motorola, então insisto, comparar o smartphone com topos de linha de 2023 não faz sentido, mas se você insistir, pode ter uma surpresa.

Eu diria que o Qualcomm resolveu o problema do esquentadinho Snapdragon 8 Gen 1, a propósito, se a pergunta veio a sua cabeça, então já fica a indicação, Snapdragon 870, 888+, 8+Gen1 e 8 Gen 2 (com o “for Galaxy” desligado em aparelhos da Samsung). 

Dito isso, o Snapdragon 8+ Gen 1 ainda é muito capaz e o “Plus” aqui entrega mais performance e menor aquecimento, logo é mais eficiente que seu antecessor. O Edge 30 Ultra chegou ao mercado com 12GB de RAM e 256GB de armazenamento, não temos outras variantes, nem com RAM e nem com armazenamento interno diferentes.

Sistema e recursos

É uma pena ver o Motorola Edge 30 Ultra, na data de publicação deste review ainda preso no Android, mas a empresa para esse modelo garante 2 anos de atualização de sistema e 3 anos de atualizações de segurança, além disso a Motorola dá 2 anos de garantia no Brasil, isso pode ser um fator determinante para a compra do smartphone.

Quem me conhece sabe que sou o cara que não gosta de “mexer em time que está ganhando”, já ouvi de diversos fabricantes em diversos momentos de minha trajetória essa frase para justificar a não atualização de um determinado smartphone. Mas não é o caso aqui, pelo menos não no edge 30 Ultra. 

Mesmo ainda rodando o Android 12, o sistema é fluido, os aplicativos abertos se mantém em segundo plano sem problema nenhum sem atrapalhar o desempenho do celular e, ainda temos o Ready For, concorrente direto do modo Dex da Samsung que, apesar de mais maduro, parece ter parado no tempo quando o quesito são novidades. 

O Ready For traz recursos de modo desktop e, além disso, modos dedicados para entretenimento, jogos e câmera, sim câmera, existe um modo padrão para ativar o smartphone como webcam, além disso, traz recursos como desfoque e ainda o track, que segue você enquanto você grava seu vídeo. 

Isso é ótimo, pois não funciona somente em vídeo chamadas, você pode determinar nas configurações que aplicativos podem utilizar o recurso e imagina só a surpresa quando você vê que pode ativar e usar tais recursos em aplicativos de câmeras de terceiros como o gratuito Open Camera!

Bateria

Pode parecer pequena, principalmente quando utilizamos o smartphone com os 144Hz de taxa de atualização de tela sempre ligado, vamos combinar uma coisa!? Deixe no automático, já resolve tudo. 

A bateria do Edge 30 Ultra possui 4610mAh, é compatível com carregamento rápido de 125W e traz o carregador com essa potência já na caixa. Não adianta fazer como o concorrente, que diz que o smartphone suporta carga rápida e não entrega o carregador, ou quando entrega é um carregador base, te obrigando a comprar um outro para carregar mais rápido o seu celular. 

E pasme você, o edge 30 Ultra, traz também carregamento sem fio de 50W, ou seja, sem fio ele carrega mais rápido que a grande maioria dos topos de linha concorrentes atualmente no Brasil.

Durante os testes com o edge 30 Ultra, nunca precisei carregar o mesmo no meio do dia, ou no final da tarde. Sempre “acordou” com 100% de carga e foi “dormir” com geralmente uns 15%/20%, então o que posso dizer é que testando o edge 30 ultra com 70% do dia no wi-fi e 30% no 4G/5G o smartphone fica o dia inteirinho longe da tomada. 

Isso muda quando você joga? Claro! Mas é para isso que o carregador de 125W que chega na caixa serve, uma carga super rápida e o smartphone topo de linha da Motorola já está pronto para seguir adiante. 

Usando por exemplo o smartphone por 1 hora para assistir Netflix (assista streaming na TV, seus olhos agradecem a médio e longo prazo), ele com a tela com 50% de brilho consumindo 5% de sua carga. 

O carregador de 125W entrega 50% de carga já aos 10 minutos (atenção aqui essa medição pode variar para mais se o smartphone estiver totalmente sem carga, ou seja, desligado). 

Conclusão

No Brasil, tudo depende do preço, então levando em consideração todas as informações acima e, seu preço, ainda não consigo indicar o Edge 30 Ultra, principalmente depois de ter testado o Edge 30 Fusion, tudo bem, a tela não é flat, mas a câmera frontal com foco automático me ganha. 

Porém, contudo, entretanto, todavia, note que é uma situação muito específica e levando em conta a minha necessidade. A sua pode ser diferente da minha. Mas uma coisa vamos concordar, o preço do edge 30 Fusion está muito mais convidativo. 

De qualquer forma, a Motorola está no caminho certo para chegar mais próximo ainda de seu concorrente direto. Fazer de uma vez por todas os fanboys pararem de chorar pela falta do ip68 e dos criadores de conteúdo pararem de reclamar da falta do “foco na frontal” que a maioria das pessoas julgam como “defeito” quando tentam tirar uma selfie onde pessoas ao fundo não estão focadas (risos), seria bonito de se ver.

Prós

  • Design premium 
  • Tela com taxa de atualização rápida de 144 Hz
  • Interface limpa e fluida
  • Carregamento rápido, com e sem fio

Contras

  • Sem certificação IP 
  • As câmeras são ótimas para fotos mas ainda precisam melhorar para vídeo
  • Câmera frontal sem foco automático
  • Até a presente data, ainda não recebeu o Android 13